Devoções na Cultura Junina
Categoria: Cultura Cristã

Chegou o mês de junho, tão aguardado por muita gente aqui no Brasil, principalmente na região do Vale do Paraíba e no Nordeste. Junho, para muitos, é sinônimo de festa junina, regada a muita comida tradicional.

O que muitas pessoas não consideram ao ir a uma festa junina é que mais do que celebrar a cultura caipira e a culinária local, no caso desta região, com o tão esperado, disputado e querido bolinho caipira, é que a razão para a organização de muitas festas, principalmente as que acontecem em igrejas católicas, é celebrar a memória dos santos.

Todo ano, no mês de junho, a Igreja celebra a memória de Santo Antônio de Pádua (13/06), o martírio de São Pedro e São Paulo (29/06) e a natividade de São João Batista (24/06).

Santo Antônio nasceu em Lisboa, Portugal. Viveu muito tempo na humildade e desprezo pelo próprio corpo junto aos Cônegos regulares agostinianos de Coimbra. Depois, juntou-se aos Menores de São Francisco de Assis. Exerceu seu ministério na Itália e na França e muitas de suas homilias estão registradas por escrito. Hoje, seus restos mortais estão na Basílica de Santo Antônio de Pádua, na Itália, cidade onde faleceu em 13 de junho de 1231. Na cultura popular, é conhecido como santo casamenteiro porque há uma lenda que conta que uma senhora, vivendo na miséria, decidiu prostituir a filha para conseguir dinheiro. Como a jovem não concordava com a ideia da mãe, rezou com confiança aos pés da imagem de Santo Antônio, pedindo sua intercessão, quando das mãos do santo caiu um bilhete nas mãos da jovem. O bilhete estava endereçado a um comerciante da cidade e assinado por Antônio e pedia que o comerciante entregasse a jovem o número de moedas correspondente ao peso do bilhete. A moça procurou o comerciante, o qual achou graça do bilhete. Humildemente e confiante, a jovem colocou o bilhete em um lado da balança e do outro, uma moeda. Para a surpresa do comerciante, o bilhete pesava mais. Foram necessários 400 escudos de prata para equilibrar a balança. O comerciante imediatamente se lembrou de uma promessa que fizera a Santo Antônio nesse valor e que ainda não havia cumprido. Então, deu o dinheiro a moça e ela logo ficou conhecida entre os rapazes, todos interessados em se casar com ela.

Foto: Pascom de Lourdes (2014)

O que sabemos sobre São Pedro e São Paulo é o que está relatado na Bíblia. Pedro foi escolhido por Jesus como fundamento da Igreja e portador das chaves dos céus (Mt 16, 13-19). Como primeiro pastor do rebanho (Jo 21, 15-17) que é a Igreja, vemos nele e no seu sucessor (o papa) o sinal visível da unidade de toda a Igreja, que é o corpo místico de Cristo, corpo esse formado pelos membros, que somos todos nós. Paulo foi adicionado ao número dos apóstolos pelo próprio Cristo no caminho de Damasco (At 9, 1-16) e é um dos maiores missionários de todos os tempos, tendo levado a mensagem do evangelho de Cristo pelo mundo mediterrâneo. Tanto São Pedro quanto São Paulo testemunharam Jesus com suas próprias vidas, pelo martírio, pelo ano de 67 em Roma. No Brasil, por determinação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a solenidade litúrgica desses dois santos é celebrada no domingo entre 28 de junho e 4 de julho.

São João Batista foi o profeta mais privilegiado, pois vivendo na mesma época e região que Jesus pôde apontar o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1, 29.36). Sua vocação profética se revelou desde o seio materno (Lc 1,14.41). Pregou o batismo de penitência, que convida a conversão tendo em vista os últimos tempos. É o único santo, além da Mãe do Senhor, a Virgem Maria, de que a Igreja celebra com o nascimento para o céu, também o nascimento segundo a carne.

Esses quatro santos têm em comum o amor e a doação a Jesus expressos concretamente na vida que levaram, anunciando incansavelmente, e até a morte, se preciso, o evangelho de Cristo. A vida que eles levaram deve ser também nossa meta enquanto estivermos vivos nesta vida passageira na Terra.

Que as festas juninas sejam além de momentos de confraternização e celebração da unidade entre os filhos de Deus, momento de relembrar e se inspirar na vida desses santos e buscar rever nossas atitudes, tendo como objetivo sempre o seguimento mais próximo de Jesus e o anúncio da sua Boa Nova.


REFERÊNCIAS

CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Missal Romano. 9ª ed. São Paulo: Paulus, 2004.

PILONETTO, Frei Adelino. Santo Antônio e a devoção popular. s.d. Disponível em <http://www.franciscanos.org.br/?p=18123> Acesso: 01 jun. 2017.

BÍBLIA. Bíblia Católica Online. Disponível em <https://www.bibliacatolica.com.br/>. Acesso: 01 jun. 2017.


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9 conselhos do Papa para preparar o casamento
Categoria: Família

Maio é tradicionalmente conhecido como mês das noivas e muitos optam por se casar exatamente neste período, quando as datas são bastante concorridas. Mas, além da data do casório, outras questões são importantes para este momento. Na exortação pós-sinodal Amoris Laetitia, o Papa Francisco dá nove dicas para preparar o dia do casamento:

1. Não se concentrem nos convites, vestido ou festa
O Papa pede para não se concentrar demais nos inúmeros detalhes que consomem recursos econômicos e energia dos noivos, porque assim chegam ao casamento já cansados. Em vez disso, indica a necessidade de dedicar suas melhores forças para se preparar como casal para este grande passo. "Esta mesma mentalidade subjaz também à decisão de algumas uniões de fato que nunca mais chegam ao matrimônio, porque pensam nas elevadas despesas da festa, em vez de darem prioridade ao amor mútuo e à sua formalização diante dos outros".

2. Optem por uma celebração austera e simples
Tenham "a coragem de ser diferentes" e não se deixem devorar "pela sociedade do consumo e da aparência". "O que importa é o amor que vos une, fortalecido e santificado pela graça". Optem por uma celebração "austera e simples, para colocar o amor acima de tudo".

3. O mais importante é o sacramento e o consentimento
Preparem-se para viver com grande profundidade a celebração litúrgica e perceber o peso teológico e espiritual do consentimento para o casamento. As palavras que dirão não se reduzem ao presente, mas "implicam uma totalidade que inclui o futuro: 'até que a morte vos separe'".

4. Deem valor e peso para a promessa que farão
O Papa recorda que o sentido do consentimento mostra que "liberdade e fidelidade não se opõem uma à outra, aliás apoiam-se reciprocamente". Pensem os danos que produzem as promessas não cumpridas. "A honra à palavra dada, a fidelidade à promessa não se podem comprar nem vender. Não podem ser impostas com a força, nem guardadas sem sacrifício".

5. Recordem que estarão abertos à vida
Lembre-se de que um grande compromisso, como o que expressa o consentimento matrimonial e a união dos corpos que consume o matrimônio, quando se trata de dois batizados, só pode ser interpretada como sinal do amor do Filho de Deus feito carne e unido com sua Igreja em aliança de amor. Assim, "o significado procriador da sexualidade, a linguagem do corpo e os gestos de amor vividos na história dum casal de esposos transformam-se numa 'continuidade ininterrupta da linguagem litúrgica' e 'a vida conjugal torna-se de algum modo liturgia'".

6. O matrimônio não é de um dia, dura a vida inteira
Tenham em mente que o sacramento que celebrarão "não é apenas um momento que depois passa a fazer parte do passado e das recordações, mas exerce a sua influência sobre toda a vida matrimonial, de maneira permanente".

7. Rezem antes de se casar
Cheguem ao casamento depois de ter rezado juntos, "um pelo outro, pedindo ajuda a Deus para serem fiéis e generosos", perguntando juntos a Deus o que Ele espera de vocês.

8. O casamento é uma ocasião para anunciar o Evangelho
Recordem que jesus iniciou seus milagres nas bodas de Caná: "o vinho bom do milagre do Senhor, que alegra o nascimento de uma nova família, é o vinho novo da Aliança de Cristo com os homens e mulheres de cada tempo". Portanto, o dia do seu casamento será "uma preciosa ocasião para anunciar o Evangelho de Cristo".

9. Consagrem seu matrimônio à Virgem Maria
O Papa também sugere que os noivos comecem sua vida matrimonial consagrando seu amor ante uma imagem da Virgem Maria.


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Uma reflexão quaresmal sobre o exemplo de Nossa Senhora das Dores
Categoria: Processo catequético

A Quaresma como tempo favorável no aprofundamento da paixão e morte do Filho de Deus nos faz refletir sobre e rezar esse mistério. Devemos fazer isso procurando aceitar que Deus não cabe no entendimento humano, mas pode dilatar o coração e ampliar o entendimento e a aceitação: Deus cabe inteirinho no coração do homem.  Seguindo as pegadas de Jesus, vamos entendendo quando Ele diz:  Vem e segue-me.   Segui-Lo, ouvir suas palavras - como fala, a quem fala, por que fala - observar seus gestos e atitudes são convites e desafios para  conhecer a sua missão salvífica.  Nem tudo vamos entender. As respostas do Filho de Deus implicam tempo e aceitação da necessidade de confiar. Crer é confiar. Crer é permitir. Crer, principalmente é aderir, entregar-se; numa palavra, crer é amar.  A fé é, ao mesmo tempo, um ato e uma atitude que agarra, envolve e penetra tudo o que a pessoa humana é:  sua confiança, sua fidelidade,  seu assentimento intelectual e sua adesão emocional.  Compromete a história inteira de uma pessoa, com seus critérios, atitudes, conduta e inspiração geral.

Estamos no Ano Mariano. Ninguém melhor que a Senhora das Dores para nos orientar no seguimento de Jesus.  Nunca se ouviu falar que Maria esteve doente, mas todos os evangelistas registram o seu sofrimento, sobretudo o silêncio de Deus.

Para começar, Maria concebeu Jesus em um ato de fé para ser coerente consigo mesma, pois vivia no templo pedindo a vinda do Salvador para tirar o seu povo da escravidão.  Sua vida toda foi cumprir a vontade do Pai com uma perfeição única, repetindo sempre o seu “Faça-se a tua vontade” (Lc 1,38).  Logo que o menino nasceu, quando da apresentação ao templo, o velho Simeão irradiado de alegria com o Filho de Deus profetizou que a mãe seria transpassada pela dor. “Uma espada lhe transpassará a alma” (Lc 2,35).  Quando da fuga para o Egito, do céu um recado: “Toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te diga outra coisa” (Mt 2,13).  Quando da perda e o reencontro do menino no templo?  A resposta do Filho a confunde: Não sabíeis que devo ocupar-me com as coisas de meu Pai? (Lc 2,49) E nas bodas de Caná?  Quando da preocupação da mãe, após vários dias de festa e o vinho veio a faltar, o seu Filho era o único com quem podia conversar, o que ela ouviu? “Ainda não chegou minha hora” (Jo 2,4). A grandeza de Maria não está em imaginarmos que ela nunca foi assaltada pela confusão. A grandeza dessa mulher está no fato de que quando não entende alguma coisa, ela não reage angustiada, impaciente, irritada, ansiosa e assustada, tem atitude típica dos pobres de Deus: cheia de paz, de paciência e doçura, toma as palavras, recolhe-se em si mesma e permanece interiorizada, pensando.

Embora não tenha pecado, a Mãe de Deus não escapa da dor, sequela do pecado. Sofre pelo Filho e pela missão do Filho.  A personalidade de Maria impressiona pela humildade e valentia.  Ao longo de sua vida, sempre procurou ficar na penumbra de um segundo plano.  Quando chega a hora da humilhação, avança e se coloca em primeiro plano, digna e silenciosa. O evangelista Marcos conta que, no Calvário, havia um grupo de mulheres que olhavam de longe. Mas João, que presenciou tudo, indica que a Mãe permanecia ao pé da cruz. 

Como mãe, percorreu a desolada via dolorosa, vestida de dignidade e silêncio. Não reclamou, não protestou.  Quando não entendia alguma palavra, guardava-as em seu coração e as analisava serenamente.

Que o exemplo de Maria e esse tempo quaresmal nos ajudem a silenciar e refletir sobre tudo que Deus tem feito em nossas vidas.


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O que é quaresma?
Categoria: Igreja em saída

O tempo litúrgico da quaresma recorda, entre outros, os quarenta anos em que o povo judeu andou errante a caminho da Terra Prometida e o período de quarenta dias em que Jesus rezou e jejuou. Essa é uma ocasião oportuna para bem nos prepararmos para a maior festa cristã, a festa da Páscoa, que celebra a passagem de Jesus da morte para a ressurreição, o principal mistério de nossa fé.

A quaresma apresenta-nos quatro palavras de ordem: oração, jejum, esmola e penitência. Nesse tempo somos chamados a rezar mais e melhor. Precisamos intensificar nossos momentos de intimidade com Deus, rezando ao amanhecer, durante o dia e antes de adormecermos, além de participarmos mais vezes das missas e de outras orações comunitárias, como a Via-Sacra e a recitação do terço de Nossa Senhora.

O jejum é bom até para nossa saúde física. Mas o fato de ficarmos somente com uma alimentação simples, sem qualquer exagero, nos ajuda a entrar na ótica de Deus. O jejum mais difícil e o mais agradável a Deus é o jejum da língua, ficando sem falar mal dos outros e sem ofender por palavras pessoas que caminham ao nosso lado, na família, na escola, no trabalho ou na comunidade.

A quaresma nos impulsiona a ser solidários com os mais necessitados. A esmola leva-nos a sair de nós mesmos e do nosso egoísmo e a repartir o que somos e o que temos com os menos favorecidos, ajudando os pobres e as entidades sociais que amenizam o sofrimento de crianças, doentes, drogados e idosos, entre outros. A esmola não pode nos levar a atitudes paternalistas, mas a colaborar para que as pessoas encontrem outras saídas para a própria situação.

A penitência quaresmal nos ajuda a descobrir defeitos e pecados e a fazer ações concretas que nos levem a mortificar nossos corpos para nos purificar diante de Deus, reconhecendo fraquezas e omissões. Todos precisamos de mudança de vida, de conversão, abandonando o pecado e o erro, e trilhando o caminho da santidade, que nos aproxima cada vez mais de Jesus Cristo, aquele que por amor entregou a própria vida pela nossa salvação.

Gostariamos de te lembrar dos 15 simples atos de caridade que o Papa Francisco nos propôs em 2016 como manifestações concretas de amor:
1. Sorrir, um cristão é sempre alegre!
2. Agradecer (embora não "precise" fazê-lo).
3. Lembrar ao outro o quanto você o ama.
4. Cumprimentar com alegria as pessoas que você vê todos os dias.
5. Ouvir a história do outro, sem julgamento, com amor.
6. Parar para ajudar. Estar atento a quem precisa de você.
7. Animar a alguém.
8. Reconhecer os sucessos e qualidades do outro.
9. Separar o que você não usa e dar a quem precisa.
10. Ajudar a alguém para que êle possa descansar.
11. Corrigir com amor; não calar por medo.
12. Ter delicadezas com os que estão perto de você.
13. Limpar o que sujou, em casa.
14. Ajudar os outros a superar os obstáculos.
15. Telefonar para seus pais.

Ele também nos disse que o melhor jejum é:
- Jejum de palavras negativas e dizer palavras bondosas.
- Jejum de descontentamento e encher-se de gratidão.
- Jejum de raiva e encher-se com mansidão e paciência.
- Jejum de pessimismo e encher-se de esperança e otimismo.
-Jejum de preocupações e encher-se de confiança em Deus.
- Jejum de queixas e encher-se com as coisas simples da vida.
- Jejum de tensões e encher-se com orações.
- Jejum de amargura e tristeza e encher o coração de alegria.
- Jejum de egoísmo e encher-se com compaixão pelos outros.
- Jejum de falta de perdão e encher-se de reconciliação.
- Jejum de palavras e encher-se de silêncio para ouvir os outros.

Fonte: http://blog.cancaonova.com/padreantoniolima/os-15-simples-atos-de-caridade-do-papa/

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Vida e Morte
Categoria: Família

Foto: ofielcatolico.com.br/2004/09/a-morte-o-juizo-particular-e-o-juizo.html

A vida é um dom de Deus, porém estamos de passagem neste mundo, e a qualquer momento podemos perder alguém querido, alguém que amamos. Quem não perdeu é bom estar preparado, pois se algo certo na vida, é a morte.

Ao olharmos para a morte devemos valorizar a vida, como uma forma e oportunidade de nos prepararmos para a eternidade com Deus.

O próprio Jesus garante que é da vontade do Pai que não se perca nenhum daqueles que lhe deu, e que todo aquele que n'Ele crê tenha a vida eterna, e o ressuscitará no último dia (Jo 6, 37-40).

Como cristão católico, como encarar a morte, como lidar com a dor da perda?

Para os que crêem a vida não é tirada, mas transformada. Assim como a semente que, ao cair na terra morre e dessa morte brota a nova vida, cremos que a morte é a passagem para a ressurreição, a nova vida em Cristo.

O fundamento para nossa fé em torno da vida nova que começa na morte, está na ressurreição de Jesus Cristo.

Este é o ponto principal de tudo, Jesus venceu a morte e ressuscitou, esta certeza da fé descarta completamente qualquer idéia de reencarnação.

Deus ressuscitou seu filho Jesus, como nos exorta São Pedro: Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada para vós nos céus; para vós que sois guardados pelo poder de Deus, por causa da vossa fé, para a salvação que está pronta para se manifestar nos últimos tempos(1Pd1,3-5).

Mas existe o purgatório o céu e o inferno?

O novo catecismo da Igreja Católica, nos coloca em base a dois fundamentos: primeiro é a bíblia; o segundo é o magistério da igreja.

Magistério da igreja é a tradição comum das comunidades, por isso vamos olhar para a bíblia e para o magistério. Quando rezamos o creio, dizemos: Creio na ressurreição dos mortos...

A igreja ensina que na hora da morte no momento em que fechamos os olhos toda a pessoa passa pelo chamado juízo particular.

O que é Juízo particular?

Afirma o Catecismo da Igreja Católica: "Cada homem, em sua alma imortal, recebe sua retribuição eterna a partir de sua morte, em um Juízo Particular feito por Cristo, juiz dos vivos e dos mortos" (CIC 1051).

No Juízo particular a vida passa como um filme diante de nós, na hora da morte. Ninguém sabe se é por uma fração de segundos, mas a vida passa diante de nossos olhos. E, nesse juízo particular a pessoa vê toda a sua vida, mas a vê sob a luz da verdade. E á luz da verdade que é Cristo, vê quais os frutos teve o seu livre arbítrio.

Continua o Catecismo da Igreja Católica: "Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja através de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre" (CIC 1022).

Então, acreditamos que imediatamente após a morte a nossa alma já terá o seu destino eterno definido.

O céu, para aqueles que morreram em estado de beatitude, como por exemplo: Nossa Senhora e os santos. Cremos foram direto para Deus.

O purgatório para aqueles que estão destinados ao céu, mas antes tem de viver o estado de purificação.

E o inferno, para aqueles que não aceitam a salvação, concedida por Deus.

Existe um céu?

Filhos, ó céu é o anseio ultimo toda alma. O ser humano foi feito para ficar junto com Deus, então o que o céu é o estado de profunda comunhão com Deus, um estado de intimidade de amor com Deus. Jesus garante que na casa do Pai há muitas moradas e que iria nos preparar um lugar (Jo 14,2).

E o inferno?

O inferno existe sim, começa aqui e vai além.

Deus não condena ninguém ao inferno. O inferno é uma auto- exclusão da graça, é uma pessoa que no uso do seu livre arbítrio rompeu com Deus, em pecado grave e insistiu em permanecer no pecado grave.

Mas existem almas, pessoas que na hora da morte no juízo particular não romperam com Deus, ainda há muito que ser purificado e é bem nessa dimensão que existe o purgatório.

O que é o purgatório?

Purgatório não é lugar, mas um estado de purificação das almas após a morte. Nosso Catecismo ensina: "Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu". (CIC 1030).

A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. (CICI 1031).

Biblicamente a crença na existência do purgatório encontra-se no Antigo Testamento, em 2Macabeus 12, 39-45.

O Novo Testamento faz algumas alusões sobre o purgatório (Mt 12, 31; Lc 12, 45-48.58-59)

A Igreja também viu uma figura do purgatório nos textos da Primeira Carta de São Pedro: "Pois também Cristo morreu uma vez pelos nossos pecados - o Justo pelos injustos - para nos conduzir a Deus. Padeceu a morte em sua carne, mas foi vivificado quanto ao espírito. É neste mesmo espírito que ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora, nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, Pois para isto foi o Evangelho pregado também aos mortos; para que, embora sejam condenados em sua humanidade de carne, vivam segundo Deus quanto ao espírito". (1Pd 3,18-19; 4,6)

São Gregório Magno Papa e doutor da Igreja falou a respeito da existência do purgatório:"No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma Aquele que é a Verdade, dizendo que se alguém tiver cometido uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (Mt 12,31). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro". (dial. 4, 39)

São Josemaria Escrivá disse: "O Purgatório é uma misericórdia de Deus, para limpar os defeitos dos que desejam identificar-se com Ele". (Sulco, 889)

Por que rezar pelos mortos?

Este ensinamento apóia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: "Eis porque ele [Judas Macabeu] mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado" (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico (DS 856), a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos. (CIC 1032)

A respeito da oração pelos mortos diz o Didaqué (ou doutrina dos 12 Apóstolos): "Ao fazerdes as vossas comemorações, reuni-vos, lede as Sagradas Escrituras... tanto em vossas assembléias quanto nos cemitérios. O pão duro que o pão tiver purificado e que a invocação tiver santificado, oferecei-o orando pelos mortos".

E nos ensina João Paulo II: 'Orando pelos mortos, a Igreja contempla, antes de tudo, o mistério da Ressurreição de Cristo que nos obtém a vida eterna'.

Mas quem esta no céu não precisa de oração, e, quem esta no inferno sinceramente as nossas orações de pouco vão valer, mas aqueles que estão no purgatório, para estes sim devemos rezar.

Novamente, como razão porque devemos rezar pelos mortos, volta-nos o texto de Mateus, onde Jesus diz, quem pecar contra o espírito esse pecado não pode ser purificado nem neste século nem no século seguinte, é o que nos faz entender que pecados cometidos em vida podem ser purificados em séculos vindouros. (Mt 12, 31)

É daí que vem o fundamento de mandar rezar missas, pois assim podemos adiantar o estado de purificação dos que morreram.

Termino esclarecendo que a morte nunca foi vontade de Deus, ela entrou no mundo pelo pecado original. Deus fez seus filhos para a eternidade. A morte é uma contingência humana, faz parte da fragilidade do ser humano.

O Filho de Deus foi para a morte e depois Deus o ressuscitou. Deus nos fez para vivermos para sempre. Por isso a tristeza, a amargura e o desanimo, isso tudo é somente a vida que nos trás. Deus nos fez para vivermos em intimidade com ele. Nós somos feitos para sermos santos, como nosso Deus é Santo.


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